Inspirações

A finitude das coisas que a gente mais ama

Quando gostamos muito de alguma coisa, não queremos que acabe. A torta preferida de branquinho com massa de nozes e fios de ovos; a festa que nem bebida gelada tem, mas que está divertidíssima; a série que a gente fica saboreando cada episódio com medo que chegue ao final. A gente se apega às coisas que a gente mais gosta. Se acostuma a tê-las em nossas vidas. Se sente preenchida por elas. Ainda que sejam apenas ‘coisas’. Um dia, você chega em casa e, da torta, só restou a embalagem com a etiqueta no lixo seco. A festa divertidíssima virou uma foto de TBT. A série, que um dia nos deixou órfãos, já adotou novos fãs. São apenas coisas. E ainda assim deixam tremendas saudades. Imagine se elas falassem, se tivessem um lugar à mesa, um cheiro, um jeito carinhoso de nos olhar. E se contassem piadas sem graça e dançassem a dois com você nas festas divertidíssimas com bebidas quentes? Ainda bem que são apenas coisas.
Em memória do meu amado tio, João Hélios Dalcin Kern

Barbara Kern é publicitária gaúcha, aprendiz de surfista e amante de cafezinho passado.

Dina Vieira

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