Eu continuo com minhas conjecturas, observando as pessoas ao meu redor, juntando informações acerca de acontecimentos, tanto comigo quanto com meus amigos, conhecidos… o Mundo.
Muitas vezes me acho um extraterrestre, porque as vezes sinto que não pertenço a esse lugar, como se estivesse numa dimensão paralela, mas logo caio na Terra e vejo que apenas consigo, aos poucos e através de muita meditação, ver as coisas sob outra ótica e nada melhor que observar as crianças, realmente é surpreendente.
E sendo assim, estou eu no ônibus, lendo um livro, ao menos tentando, porque meus olhos andam me traindo, embaçando, lacrimejando e turvando tudo que preciso focar, mas tudo bem, continuando, estava eu, sentada lendo um livro, quando sinto que sou observada, mantenho a cabeça levemente tombada e ergo apenas meus olhos e vejo uma garotinha, deve ter uns 5 a 6 anos, não mais que isso, me olhando, melhor, encarando, eu sorrio e volto a ler.
A sensação continua, agora ergo a cabeça e a olho, ela arregala os olhos para mim, eu sorrio e volto para minha leitura, que estava bem interessante e quando menos espero, vejo a garotinha caminhando em minha direção e parar na minha frente.
Tive que abandonar minha leitura, meio a contragosto, mas não podia deixar passar essa oportunidade de entender porque ela tanto me olhava, solto um sorriso, fecho o livro e volto toda minha atenção para aquela pequenina, então ela solta, com todas as letrinhas possíveis e em alto e bom som: Você usa peruca?
Eu olhei para aquela garotinha, pisco algumas vezes e digo: Ahnnn? Ela repete sem se fazer de rogada: Você usa peruca? Nesse meio tempo, quem ouviu já dava risada e eu? Comecei a rir e falei: Não, eu não uso peruca e ela me olha, desconfiada e retruca: Mentira, você usa peruca!
Agora já era uma afirmação e não uma pergunta e como vi que ela estava louca pra ter certeza e “ver” com os dedinhos, eu perguntei se ela queria pegar no meu cabelo. Ela sorriu tanto com os olhos quanto com os lábios e balançou a cabecinha numa afirmativa. Expliquei como ela faria e ela simplesmente enfiou os dedinhos no meu cabelo pela testa, embrenhando com satisfação e quando tinha um belo chumaço nos dedos, deu um puxão, dois puxões e para ter plena certeza, o terceiro.
Só me restou rir e ela satisfeita soltou meu cabelo que já é super armado e estava muito mais por conta da mãozinha nervosa, eu falei: Não disse que era meu cabelo? Ela deu risada e saiu toda satisfeita para sua mãe que estava toda sem graça e eu rindo largamente, eu e todos que viram a cena; fiquei alguns segundos dando risada e depois abri meu livro e voltei a ler.
Vez ou outra eu a olhava e lá estava, maravilhada com minha cabeleira, a mãe tentava dissuadi-la de ficar me encarando, mas eu imaginei que meus cabelos criaram vida para aquela garotinha, pois ela não conseguia parar de olhar, eu dei uma piscadela e quando vi, já era hora de descer.
Normalmente todos falam da minha cabeleira, talvez por ser toda doidona, cabelos cacheados, não tão ruivos quanto desejo, mas têm momentos que realmente acredito que tenha vida própria, cada dia está de uma forma, umas vezes mais malucos, outros…também!
E pensar que já fiz progressiva nessa criatura uma vez, ficou esquisito demais, mas queria ter cabelos lisos, padronizados, todo “arrumadinho”. Sinceramente, não sei o que tinha na cabeça, pois de cabelo liso, pareço um poodle escovado, fica a coisa mais estranha da face da terra.
E então eu entendi que não adianta e que nada é mais minha “cara” do que meus cabelos enrolados, bagunçados, despenteados e avermelhados. Tanto que fico imaginando o que fazer quando precisar arrumá-los para uma festa. Só de pensar, me bate uma tristeza, mas das duas uma: ou não vou à festa ou sapeco um vestido longo com meus cabelos esvoaçantes.
E dessa forma, vou descobrindo quem sou eu. Aos poucos vou aceitando minhas particularidades e vendo-as como um belo diferencial e não como algo depreciativo. Sei que não é de um dia para o outro que se muda de opinião e começa a se enxergar como alguém completo, bonito, autêntico.
Muitas vezes me vejo de uma forma estranha, ainda me questiono quando alguém quer estar comigo, pois não sei o que essa pessoa vê em mim, por outro lado, meus amigos sempre falam que eu devia me ver como eles me veem, mas o que eles enxergam são por outros olhos, não os meus, mas essa sou eu? Perfeita? Completa? Complexa?
Não, apenas uma mulher em perfeita confusão. Completamente abstrata em alguns assuntos e extremamente básica em outros, numa profusão de emoções, conexões, expressões. Ah, adoro ser eu, mesmo quando nem sei quem sou!
Agora pensei numa música que curto muito: O Leãozinho. Engraçado, não faço a mínima ideia porque me lembrei dessa música.
“Gosto muito de te ver…leãozinho…”
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Temos um péssimo hábito de reclamar de nosso corpo. Quem tem cabelo crespo quer ter liso, e a que, tem liso quer encaracolado, as magrinhas queriam ser mais cheinhas, e as gordinhas mais magrinhas.
É lindo quando vemos alguém feliz com seu próprio corpo, e brincando com suas diversidades. Valeu Bell
oi Bell. assim como voce adoro minha juba de leao, e minha mae nao poderia ter me dado nome mais conviniente Leo