Por muito tempo, simplesmente me aceitei como uma pessoa pessimista. O meu copo estava sempre meio vazio. É claro que me faltava foco e gratidão pelo que eu tinha de bom.
Sentindo que essa visão não me era saudável, tentei enxergar somente o bom, o positivo, a metade cheia. Essa tarefa não só se provou estar acima das minhas capacidades como também não ser de total vantagem. Seria simplesmente viver em estado de perpétua negação. Não há como consertar erros não admitidos.
Pensei então que a solução obviamente se encontrava em enxergar ambos ao mesmo tempo; o copo está cheio e vazio, o bom e o ruim. Mas ainda não estava bom, o ruim permanecia ali com toda a sua mácula.
E se eu cortasse o copo ao meio? Aí sim, ele estaria todo cheio!… Mas agora faltava algo. Foi necessário algum tempo para eu me dar conta da essencialidade do pedaço desvanecido.
Consertei o copo e lhe devolvi o pedaço que havia tirado.
O copo não estava nem meio cheio, nem meio vazio, nem ambos ao mesmo tempo, nem dividido ao meio. Entendi que ele, na verdade, estava cheio por completo, o tempo todo – parte água, parte ar.
O ar, incompreendido e desvalorizado como vazio, como ruim, como negativo, por não ser enxergado, é indispensável para as nossas vidas. Estima-se que, na melhor das hipóteses, o ser humano pode viver cerca de três semanas sem alimentação, três dias sem água, mas apenas três minutos sem ar.
O ar em nossas vidas é Deus. Compreendendo isso, finalmente vejo que minha vida está completa.
Aceitando a minha própria essência de ar, de sopro, capaz de se conectar com Deus, percebo que tudo tem seu valor, tudo tem sua utilidade, e o copo está exatamente como deveria estar em seu devido momento.
Vânia Hudson, estudante da filosofia Espirita e co-autora do livro Reforma Interior
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