Se eu falasse a sua língua!
Terra nova e promissora,
Talvez eu não sentisse,
O que sente um de fora.
Este desejo de ir embora,
Embora, o desejo da chegada!
Pisei seu chão agradecido,
Esperançado e destemido,
No raiar de um novo dia!
A linda manhã se comprazia,
No brilho, nas cores da aurora!
Contendo e contando as horas,
Deixei verter nos olhos,
O choro no peito contido!
Se eu falasse a sua língua!
Talvez eu não chorasse,
Contrariamente comemorasse,
O ter chegado, até aqui!
Neste longo amanhecer…
Não houve como dizer:
Bom dia meu filho!
E o boa tarde ao amigo,
Será preterido no entardecer.
Como quando anoitecer,
Não ouvirei a voz que dizia:
Boa noite, querido!
Com as lágrimas jorram indagações,
Que na solidão eu faço,
Com o vento a me sussurrar!
Que força medonha é esta,
Que me arranca o lar?
Que me cala a voz e o falar?
Que confisca meus livros,
E tudo aquilo que eu julgava ter?
Se eu falasse a sua língua!
Talvez o vento não sussurrasse,
Talvez apenas soprasse,
A paz que tanto quero!
E com ela sem lero, lero,
Apenas o frescor e o assovio…
E no calor desta chegada,
Ao invés de choro e lágrimas,
A alegria e uma voz afinada!
Para que eu cantarolasse:
“Ó Pátria amada idolatrada!”
Plagiando, mas, louvando,
O hino do meu Brasil!
Sobre o autor:
Adauto Silva: Goiano da pequena e longeva cidade de Silvânia. Alí nasci em fevereiro de 1961. Ainda estou à beira da estrada, a contemplar as formigas se cumprimentando no seu ir e vir, enquanto eu, com a rima, vou desatando nós e apertando laços.
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Moro nos Estados Unidos, catorze anos.
E a poesia do poeta e amigo Adauto, mexeu com minhas entranhas, trazendo a dor, e emoções que senti quando aqui vim morar.
Creio eu que todos os imigrantes vão se emocionar com esse lindo poema.
Adauto Silva, esse irmão através do espaço-tempo, continua a arrancar lágrimas aos meus olhos pondo palavras a emoções que ainda iludem o meu entendimento.
AMO VOCÊ 🌷
adoro poesias.